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Financeirização: a perigosa porta para o caos



Todo negócio busca lucro - e aqueles que te dizem não buscar estão contando papo.

Em todo caso, a construção do lucro é muito diferente a depender do tipo de negócio, mas, aparentemente, temos nas últimas décadas uma espécie de normatização que coloca todos os negócios em patamar igual.

Essa perigosa normatização chama-se Financeirização.


Não se assuste, aqui você não lerá nenhuma ode a “nem todo negócio precisa trazer lucro”. A reflexão será sobre compreender o que traz lucro e o que vira ruína.



Pra começar, vamos ao que seria Financeirização



O conceito de financeirização a ser utilizado nessa edição da RefleCenários é o seguinte: quando absolutamente todo e qualquer conjunto de processos se transforma em uma enorme Demonstração de Resultados do Exercício (a famigerada DRE que se você for contador já leu mentalmente pela sigla) que ignora fatores que constroem todas aquelas linhas ali expostas e simplifica tudo ao “maximize receitas e minimize custos”.

Esse fenômeno geralmente tem relação direta com a empresa ir parar em alguma bolsa de valores e passar a receber questionamentos diretos sobre resultados com base puramente em aspectos financeiros - e, disso, sai o termo de maneira explícita.



Construção de linha de resultado… como assim?



Caso você não tenha familiaridade com conceitos contábeis (e, de novo, para ler essa newsletter ninguém é obrigado a “vir sabendo”), DRE nada mais é do que uma apresentação dos números financeiros de um negócio. 



Tudo começa nas receitas, que são os números que o negócio gerou de dinheiro, passa pelos custos, despesas e chega na linha final, que é o lucro.

Ou, se você precisar de uma representação mais visual:

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Não é necessário entrar no mérito do que cada item significa em termos contábeis para te fazer colocar uma afirmação: no negócio onde você trabalha e/ou é sócio, você sabe quais são os esforços necessários para que a receita aconteça (e sabe, se estiver com os números bem afinados, os custos e despesas que fazem com que essa receita aconteça).


Muito provavelmente você também sabe, sobretudo se tiver certo tempo de experiência tocando o negócio, quais são os itens de custo e despesa que mais contribuem para que a receita seja maior e, na prática, nem que seja apenas por tentativa e erro, sabe também quais esforços se transformam apenas em um ralo de dinheiro.

Pois bem, então vem aqui uma pergunta: em uma análise fria, todo negócio (independente do setor) teria uma estrutura financeira conhecida, específica e petrificada, tal qual um ideal a ser perseguido ou uma receita pronta de sucesso? A resposta fria é: não. E a um pouco mais explicativa é: “tudo vai sempre depender das necessidades do setor”.

Negócios intensivos mais em capital ou em pessoal demandam estruturas de formação de resultado muito diferentes. Ou, em bom português: se o que te faz trazer receitas consistentemente mais altas e resultados mais robustos é o investimento em treinamento de pessoal, você precisa ficar de olho nisso; e, se na prática a manutenção de equipamentos for o principal item, é disso que você jamais deve descuidar.



Caso Boeing: da credibilidade ao caos



Se a última vez que você ouviu falar na Boeing foi sobre o surreal caso em que a porta de uma aeronave se abriu em pleno voo - ou mesmo em algum dos casos em que um tal de MCAS danificado derrubou um avião (ou mais de um) -, talvez tenha pensado que a empresa é absolutamente descuidada em seus procedimentos internos. Mas, na verdade, não foi sempre esse o caso.

Tendo você visto algum vídeo do Aviões e Músicas (basicamente qualquer um), fica fácil concluir algo sobre aviação: nesse setor a margem para erros precisa ser minúscula. Ser o meio mais seguro de transporte que existe não é mero acaso, é fruto de bastante trabalho e aprendizado contínuo.

Em recente edição do Last Week Tonight, programa da HBO que disseca temas de um modo brutalmente honesto (e um tanto humorístico), o ponto principal foi justamente como a Boeing saiu de um estágio no qual era considerada referência em qualidade para o atual ponto em que tem virado uma piada de péssimo gosto. 



O programa está aqui, sugerimos que você o assista depois para saber os detalhes assustadores:

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A grande sacada, que inclusive serviu como motivação para esta edição da RefleCenários que você lê agora, é que toda essa mudança teria ocorrido no início dos anos 1990, quando a empresa sinônimo de qualidade se uniu a outra que, de origem militar, estava em uma outra ponta, a de economizar a qualquer custo para maximizar o resultado. Essa outra empresa é a McDonnell Douglas.



Dessa fusão em diante, a tônica foi de reduzir certos custos e despesas com o negócio principal buscando ampliar sua presença de mercado. O problema é que esses certos custos e despesas envolviam tanto o negócio principal que, no fim das contas, durante muitos anos (e isso é ainda mais evidente recentemente) a qualidade foi sendo moída em prol do valor das ações.



Treinamento em itens novos, orientações para pilotos, manuais de especificação de automação… Um pequeno spoiler do programa, para te animar: hoje existe em certos buscadores de voos até a opção de “excluir tais aeronaves” para que você não corra o risco de voar em algum dos aviões que já nasceram com problemas enormes. E, sim, isso tudo foi produto de uma empresa que passou a Financeirizar tudo em seus resultados.



Eis aqui a reflexão importante dessa edição



Você, sendo responsável por um negócio ou apenas trabalhando nele, se preocupa mais com a composição das linhas de resultado ou com a última linha dele?

Talvez você já tenha ouvido por aí alguma vez que tais economias são conhecidas como “economias porcas”. Mas, de um modo mais amplo, duradouro e até eventualmente aplaudido (ao menos pelos acionistas de uma empresa), a Financeirização é ainda pior.

Não chega ao longo prazo de maneira sustentável quem queima tanto cartucho com o curto prazo Financeirizado. Já pensou nisso?

Até a próxima sexta!

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